Um Pavilhão Atlântico bem perto da lotação esgotada recebeu esta Sexta-feira a Dave Matthews Band.
A estreia em palcos lusos decorreu ao som de 'Everyday' e 'Dreaming' e perante uma plateia que há muito aguardava este espectáculo. O grupo retribuiu e brindou os seus seguidores com uma prestação que se prolongou durante cerca de três horas.
Antes do terceiro tema, o agradecimento a Tom Morello (Rage Against The Machine, Audioslave), que assegurou a primeira parte do concerto, actuando enquanto The Nightwhatchman, o seu projecto a solo. O fabuloso 'Crash Into Me' foi a música que se seguiu e que rendeu à banda a primeira grande ovação da noite.
«Peço desculpa por termos demorado tanto tempo a actuar cá. Obrigado por terem esperado», afirmou Dave, antes de interpretar 'Lousiana Bayou'. Ao vivo, a voz do artista é ainda mais singular e poderosa. Simpático, bem disposto e comunicativo, Matthews partilha com os seus virtuosos músicos o protagonismo da apresentação. Entre um e outro tema, todos iam demontrando a sua mestria, realizando improvisos de cariz jazz, blues e até funk. Não fosse a duração, por vezes excessiva, desses improvisos e tudo seria perfeito. No entanto é (não só mas também) nesta especificidade que reside parte da genialidade desta formação.
'When The World Ends', um tema «sobre amor, sexo e morte», ecoou, também, na sala lisboeta, seguido por 'Grey Street' e 'The Idea Of You', este último nunca editado em disco.
A pedido de Dave, Tom Morello regressou ao palco, para interpretar dois temas com o grupo norte-americano.
O vocalista, e figura de proa, "curte" cada uma das músicas mais dançáveis, agitando os pés de forma peculiar. Também para a plateia é deveras complicado assumir uma postura mais pacata, tal é o clima de celebração, o que contrasta com a balada 'Sister', interpretada à luz de isqueiros e visores de telemóvel. De facto, o público responde de forma efusiva, cantando e dançando, a cada uma das composições trazidas pelo grupo, num cenário de plena comunhão.
«Este é o melhor público que já vi», afirmou Matthews, já durante o primeiro encore. O genial 'Gravedigger' (do álbum a solo "Some Devil", editado em 2003), porventura um dos melhores momentos da noite, 'Jimi Thing', a faixa final do disco "Under The Table And Dreaming", e o inconfundível 'Stay (Waisting Time)' completaram o primeiro encore do serão.
'Don't Drink The Water' e 'Rapunzel', no segundo encore, fecharam com chave de ouro um espectáculo grandioso, do tamanho da Dave Mattews Band. O Pavilhão Atlântico continua a não ser uma sala livre de problemas acústicos, ainda assim, na sua primeira visita a Portugal, a banda protagonizou aquele que se arrisca a ser um dos melhores concertos de 2007.
(texto de Samuel Cruz)