"São dois e não temem ninguém. Intitulam-se power-rangers do noise rock, mas ao contrário dos super-heróis, Guilherme Canhão e Ricardo Martins não possuem super-poderes; isto pelo menos se considerarmos que a química que os une não é em si um super-poder.
Cansaram-se de combater o crime e nos últimos tempos incendiaram palcos sempre que para isso tiveram oportunidade (mais de 50 vezes, diz-se); não só em Portugal, mas também em Espanha e em França.
Com a devida urgência na pele e electricidade nas mãos, editaram música através dos meios que estavam ao seu alcance – o CD-R e as netabels. Fizeram mossa desde os primeiros tempos, transformaram-se rapidamente numa das melhores bandas portuguesas ao vivo e agora havia que dar um passo decisivo e corajoso em frente.
Sexually Transmitted Electricity é o primeiro bilhete de identidade da dupla depois de algumas licenças prévias que ficaram para a história. Ao longo de doze temas, os Lobster consubstanciam um encontro improvável de riffs impossíveis com percussão igualmente improvável.
Rock matemático mas com a sensibilidade suficiente para ser indubitavelmente belo (assim é aquele que consideram como o primeiro de todos os temas, “Farewell Chewbacca”, metade sova metade beleza). Rock sem rede de segurança e com som a fazer justiça (cru e directo); ouvir “Dr. Phil” é o mesmo que cheirar de perto o doce e o amargo, e sereno e o violento, a vida e a morte – e ao mesmo tempo rejuvenescer consideravelmente pelo caminho. Sexually Transmitted Electricity, produzido por Paulo Miranda e Rodrigo Cardoso no AMPstudio em Viana do Castelo, é um documento que apanha os Lobster no seu melhor momento. Não chegou tarde nem cedo; chegou mesmo a horas. Tamanha urgência merecia um disco assim – uma estreia mais do que notável."
André Gomes