SBSR | The Jesus & Mary Chain após 20 anos
Com o cair da noite eis que The Jesus & Mary Chain também caem aos palcos portugueses, mais concrectamente ao do Super Bock Super Rock. Quase 20 anos após a estreia em Portugal, a banda de Psychocandy tem-se mostrado algo tépida, tendo até, a certa altura, interrompido uma música. Nota-se ainda assim, devido sobretudo a expectativa e ambiente, uma afluência muito mais forte por parte do público.
Jim Reid mostra-se distante do público, mas com desculpa, pois a postura do grupo escocês sempre assim foi, pelo que a catatónica performance nem é de estranhar. Ao perfil «blasé» do grupo que agora regressa aos palcos (e, consta, aos discos) juntou-se um início perto de desastroso, com a banda em palco a afinar instrumentos, logo depois das apresentações: «We're the Jesus & Mary Chain». O soundcheck improvisado deu lugar a um desfile dos êxitos maiores do grupo de William e Jim Reid, de «Head On» a «Reverence», passando por «Catch Fire», «Cracking Up», «Far Gone & Out», «Snakedriver» e a nova «Amputation».
Um falso arranque em «Some Candy Talking» fez temer o pior mas, curiosamente, a partir daí o concerto dos Jesus & Mary Chain chegou a níveis finalmente aceitáveis, para bem deles e do público. Memórias (boas) vieram ao de cima com «Happy When It Rains»; «Just Like Honey» foi uma imitação apreciável de si própria; «Teenage Lust» teve nervo. Um dos temas mais aguardados da actuação foi, sem dúvida, «Just Like Honey».
A banda saiu de palco com o seu clássico feedback, deixando para trás uma actuação que alternou entre o equívoco e a boa memória. «Voltem à heroína!», foi o grito de despedida de um dos fãs desiludidos no final do concerto.
Assim decorre mais uma estreia (se assim se puder chamar, ao fim de tantos anos) de uma das mais esperadas bandas da noite. Um "sabe a pouco" ficou no ar, juntamente com uma desilusão generalizada (sublinhando generalizada, pois salientam-se as excepções). Resta ver se James Murphy consegue finalmente transformar o recinto numa pista de dança, com os seus excelentes temas de Sound of Silver e do homónimo LCD Soundsystem. Aguardem!
(Texto de David Akired)