4.7.07

SBSR | The Jesus & Mary Chain após 20 anos

Com o cair da noite eis que The Jesus & Mary Chain também caem aos palcos portugueses, mais concrectamente ao do Super Bock Super Rock. Quase 20 anos após a estreia em Portugal, a banda de Psychocandy tem-se mostrado algo tépida, tendo até, a certa altura, interrompido uma música. Nota-se ainda assim, devido sobretudo a expectativa e ambiente, uma afluência muito mais forte por parte do público.


Jim Reid mostra-se distante do público, mas com desculpa, pois a postura do grupo escocês sempre assim foi, pelo que a catatónica performance nem é de estranhar. Ao perfil «blasé» do grupo que agora regressa aos palcos (e, consta, aos discos) juntou-se um início perto de desastroso, com a banda em palco a afinar instrumentos, logo depois das apresentações: «We're the Jesus & Mary Chain». O soundcheck improvisado deu lugar a um desfile dos êxitos maiores do grupo de William e Jim Reid, de «Head On» a «Reverence», passando por «Catch Fire», «Cracking Up», «Far Gone & Out», «Snakedriver» e a nova «Amputation».


Um falso arranque em «Some Candy Talking» fez temer o pior mas, curiosamente, a partir daí o concerto dos Jesus & Mary Chain chegou a níveis finalmente aceitáveis, para bem deles e do público. Memórias (boas) vieram ao de cima com «Happy When It Rains»; «Just Like Honey» foi uma imitação apreciável de si própria; «Teenage Lust» teve nervo. Um dos temas mais aguardados da actuação foi, sem dúvida, «Just Like Honey».


A banda saiu de palco com o seu clássico feedback, deixando para trás uma actuação que alternou entre o equívoco e a boa memória. «Voltem à heroína!», foi o grito de despedida de um dos fãs desiludidos no final do concerto.


Assim decorre mais uma estreia (se assim se puder chamar, ao fim de tantos anos) de uma das mais esperadas bandas da noite. Um "sabe a pouco" ficou no ar, juntamente com uma desilusão generalizada (sublinhando generalizada, pois salientam-se as excepções). Resta ver se James Murphy consegue finalmente transformar o recinto numa pista de dança, com os seus excelentes temas de Sound of Silver e do homónimo LCD Soundsystem. Aguardem!

(Texto de David Akired)

SBSR | Eles são o Maxïmo!

Com o cair da noite, os Maxïmo Park chegaram ao palco do Super Bock Super Rock e protagonizaram uma entrada triunfal, ao som de 'Girls Who Play Guitars', seguida por 'Graffiti' e 'All Over The Shop'.


De terras de Sua Majestade veio o rock com inspiração post punk e new wave e o primeiro grande concerto da noite, neste segundo dia do Act 2 do SBSR. O colectivo britânico apresentou-se pela segunda vez em Portugal, depois de uma passagem pelo festival Sudoeste, em 2005.

«A próxima música é sobre a forma como as coisas acontecem», disse o vocalista Paul Smith para introduzir o tema 'Parisien Skies'. «Vamos tocar algumas músicas do nosso novo disco, que se chama "Our Earthly Pleasures"», afirmou o cantor antes da electrizante 'Our Velocity', um dos momentos mais poderosos de todo o espectáculo.


Em palco, os Maxïmo Park são ainda mais sublimes do que em disco. Paul Smith (voz), Dunkan Lloyd (guitarra), Archie Tiku (baixo), Lukas Wooller (teclados) e Tom English (bateria) brindaram o público que se encontrava no Parque Tejo, em menor número do que nos dias anteriores, com um concerto intenso, pleno de rock puro e duro, e uma entrega em palco sempre em crescendo.


Paul Smith é um frontman de mão cheia e soube captar a atenção da audiência com uma dose q.b. de profissionalismo e algum sentido de humor. Ao vivo a sua voz é irrepreensível e os restantes elementos do colectivo não lhe ficam atrás, tanto em entrega, como em talento. O público respondeu muito bem à dedicação e afinco demonstrada pelos Maxïmo Park, ora com palmas e braços no ar, ora saltando de forma descontrolada. «Vejo-vos a saltar aí atrás. Vá agora não fiquem embaraçados!! (...) Vocês são muito simpáticos. Obrigado por terem vindo. (...) Gostaríamos de voltar a Lisboa ou a Portugal quando vocês nos quiserem de novo cá», disse Paul Smith, já perto do final do concerto.

Dentro de instantes, os veteranos The Jesus And Mary Chain vão subir ao palco do Super Bock Super Rock e, logo depois, será a vez do grupo de James Murphy, os LCD Soundsystem, um dos concertos mais aguardados da noite. Aguarde aqui também a crítica e as fotos.

(Texto de Samuel Cruz)

SBSR | They said Clap Your Hands Say Yeah!, but you did not.

Chegou a altura de o público "bater palmas" e finalmente subirem ao palco os Nova-Iorquinos Clap Your Hands Say Yeah!. Temas que fizeram parte do alinhamento foram, sem dúvida, «Satan Said Dance», do novo álbum Some Loud Thunder, de 2007. A voz porosa de Alec Ounsworth caracteriza a banda, emboa o público tenha demorado a se adaptar.


Órgão e guitarra combinam-se perante um público menos numeroso que ontem. Eis que apresentam «Over and Over Again (Lost & Found)», «The Skin of My Yellow Country Teeth» e «Upon This Tidal Wave of Young Blood» sem conseguir obter reacções de grande entusiasmo, infelizmente.

Notou-se que poucos fãs da banda estiveram presentes, pois o "Clap Your Hands Say Yeah!" não foi muito a ideia do público. É realmente preciso aprender a gostar desta banda bastante diferente do habitual, e é com desagrado que vos tenho a dizer, enquanto fã destes, que apesar da casa não ter diminuído, a aceitação do público não foi favorável. Culpe-se também a hora da actuação, que quer para estes senhores quer para os Linda Martini foi injusta, pois ambos mereceriam ter actuado mais tarde com um ambiente mais acolhedor e festivo.

Seguem-se Maxïmo Park, The Jesus & Mary Chain e LCD Soundsystem, o concerto mais esperado da noite para este dia mais electrónico. Não perca fotos e a crítica, aqui no nosso site, dentro de instantes.
(Texto de David Akired)

SBSR | Severamente, Linda Martini.

Cada vez mais público e os Linda Martini sobem ao palco. Após a actuação dos Mundo Cão, este grupo lisboeta mostrou a sua fusão de Rock com música Electrónica, com intensidade como plano principal. Foi o primeiro "grito" do público e os Linda Martini não esqueceram temas do seu reportório como «Dá-me a Tua Melhor Faca» e «Lição de Voo Nº 1» entre tantos outros temas conhecidos por todos nós, fãs deste grupo... A banda a que André Henriques dá voz tem sabido cativar o público do festival, sem dúvida.


Estamos a falar de 3 guitarras, uma baixista com o seu baixo e uma bateria. A voz joga em campo nos momentos necessários e a harmónica também teve lugar. As fotos mostram parte da energia da banda.


André Henriques, Pedro Geraldes, Cláudia Guerreiro e Sérgio Lemos posicionam-se na frente do palco, com Hélio Morais, na bateria, a construir e simultaneamente abalar os alicerces dos temas - longos, mormente instrumentais, convidando alguns espectadores à prática do air guitar .


«Amor Combate», o cartão de visita da banda surgiu e o público reagiu, com «A Severa» a terminar o concerto. Os Linda Martini saem do palco servindo não de aperitivo, mas de menu completo para o público esfomeado que estava à espera desta refeição que é dos melhores pratos da ementa de hoje.

Próximos concertos com o devido destaque, já a seguir, acompanhando o decorrer desta edição do SBSR. Não perca.

(Texto de David Akired)

SBSR | Mundo Cão abrem dia de hoje

A estrear o segundo dia do Act2 do Super Bock Super Rock, estiveram os Mundo Cão. Mostraram ao país o seu rock calado, mas com muito bom som à mistura. A banda liderada pelo actor Pedro Laginha (na foto) mostrou vários temas do seu álbum de estreia, em modo ligeiramente mais blues (cortesia das guitarras eléctricas) do que podemos escutar no disco.



O espectáculo acabou agradavelmente ao som de «Da Vertigem Sou Mendigo», com o single «Morfina», o primeiro single da banda. Incluiu também uma versão para «Canção de Amigo», do projecto Um Zero Amarelo - tal como os Mundo Cão, uma banda com ligação directa a Braga e aos Mão Morta.


A casa não está ainda muito cheia, como é ritual neste festival. Seguem-se os Linda Martini, com um trabalho de estúdio de Rock com todos os Prefixos e Sufixos que lhe possamos chamar, mas com uma intensidade inegável. Esperemos pela crítica, aqui, dentro de instantes.


(Texto de David Akired)

SBSR | Act2: Informação do 2º Dia

Olá mais uma vez leitores! Como abertura dos relatos de hoje, o segundo dia deste acto mais alternativo, deixo-vos convosco a tabela dos horários previstos para as actuações. Foquem-se no dia de hoje (4 de Julho). Os horários das actuações das bandas (até Maxïmo Park) serão atrasados 1 hora devido ao cancelamento do concerto dos The Rapture.

SBSR | Finalmente Arcade Fire!

Os Arcade Fire foram sem dúvida e merecidamente a banda mais aguardada deste primeiro dia do Act 2, e as fotos mostram isso mesmo. Apesar de não ter passado tanto tempo assim desde a sua estreia em Paredes de Coura (2005), o desejo de ver o grupo que é considerado uma das melhores bandas do mundo actuais - por público e outros músicos - e cujo sucesso na altura começava ainda a ser adivinhado e conjecturado, é quase tanto como se de uma estreia ou de um longo interregno se tratasse.

E tudo se conjuga numa osmose, que combina ecos da fama do colectivo ao vivo cá e lá fora, e sobretudo reconhecimento pela qualidade da sua música e admiração pelos seus executantes - um todo envolto numa áurea de reverência e quase sacralização, perto de abalar um ateu convicto.

O estado sublime a que as composições são elevadas, sustentadas pela grandesa da banda ao vivo - todos os elementos tocam vários instrumentos, trocando as posições -, traduz-se em momentos de rara beleza, que perpassam uniformemente ao longo da actuação, independemente da energia rítmica de cada uma das canções. Com um cenário a condizer - pano vermelho de fundo, orgão de tubos, e pequenos ecrãs circulares - os músicos encheram o palco, tanto em número como em interpretação.


'Black Mirror' foi a canção escolhida para dar um início à actuação, onde à voz de Win Butler (e não só) se juntou frequentemente o brilho de Régine Chassagne e de Sarah Neufeld (no violino), com vestidos de cetim a realçar todo o ambiente grandioso do pop-rock dos Arcade Fire, com a sua "délicatesse" de reminiscências clássicas.


E se a entrada foi mais ou menos sóbria, não nos esqueçamos que esta é uma liturgia em néon, como o nome do segundo disco da banda canadiana, "Neon Bible". Por isso, os tons multicolores começaram a ganhar a forma logo de seguida com 'No Cars Go', prosseguindo com a fresca e tropical 'Haiti', e 'Antichrist Television Blues' a culminar na poderosa 'Intervention', aqui com uma entrada um pouco mais despojada que a da versão original. Também num formato simples, com a guitarra, o baixo e a bateria em destaque, Win Butler reproduziu o slow ondulante 'Ocean's Noise', um dos mais belos temas de "Neon Bible".


A energia e vivacidade retomariam em surpresa com o regresso a "Funeral", o primeiro disco, através de 'Neighberhood#1. De resto, a música serviu de deixa para Win Butler brincar e contar que no bairro onde vive, em Montreal, já o fez sentir como «na faixa de Gaza», isto durante a final do Euro 2004, uma vez que a zona fica entre um bairro de portugueses e outro de gregos. Os coros prolongados da assistência depois das músicas já terem acabado também levaram o cantor a sugerir que os presentes se mudassem para o palco, elogiando o seu «fantástico» apoio. A festa prosseguiu na vizinhança, ainda em "Funeral", por 'Neighberhood#3' e 'Rebellion (Lies)' a culminar em êxtase colectivo.


'Keep the Car Running' deu a saída em apoteose deixando apetecível a espera por um encore bem recheado de mais uns quantos temas que saciassem o espírito. Mas no regresso houve apenas direito a mais uma. 'Wake Up' fechou com chave de ouro um concerto grandioso.


Das guitarras eléctricas e acústicas ao bandolim, passando pela percussão, teclas, acordeão e instrumentos de sopro, os Arcade Fire criam música num território fértil em inovação, reinvenção, perfeição técnica e beleza. E como diria o locutor da BBC, Zane Lowe, a propósito de um dos temas do grupo, «se isso não [nos] toca de forma especial», é-se digno de pena.



Acompanhe os restantes dias deste festival no Especial SBSR, do 13ª Arte.

(Texto de Ana Tomás)