SBSR | Scissor Sisters enchem palco de cor!
Repetentes nos palcos nacionais, em menos de um ano, os Scissor Sisters voltaram a Portugal, desta vez, num cartaz em que para muitos seriam dispensáveis. Mas sabendo disso ou não, o que é certo é que o grupo de Jake Shears e Ana Matronic, basta-se a si próprio, tendo dado, como na última passagem por Lisboa, um grande concerto.

No seu estilo glamorous/kitch, os Scissor Sisters protagonizaram também o primeiro aparato cénico do dia, com o desenho de um peito de uma mulher, coberto por um bikini, a tesoura sobreposta. As luzes a conjugar forneceram o condimento visual para o pop-rock disco-sound das "sisters".



Jake Shears assumidissimo nas suas opções sexuais foi brincando com isso, nos diálogos com o público, pedindo "oohs" em falsete ou dizendo «dêem o vosso amor às sisters». Em "Ooh" já estava a apenas a usar as bermudas e uma gravata, ficando sem a camisa e a jaqueta que trazia inicialmente.

'Comfortably Numb' foi outro dos momentos altos, com Del Marquis a assumir a entrada, na guitarra. O grupo recomeçou a música de novo, só pra brincar mais um pouco.

'Don't Feel Like Dancin' e 'Fealthy Gorgeous' fecharam em euforia o pedra no charco de disco-sound, em alinhamento mais virado para o indie rock. no último tema Jake Shears e Ana Matronic simularam poses sexuais com o cantor a mostrar o rabo ao público.

Os Scissor Sisters podem ter sido uma espécie de ovelha negra no último dia do cartaz. Mas eles não parecem ter se importado e o público também não.






A voz roqueira de Beth, com laivos das vozes dos anos 60 e travo a soul/blues, encontrou eco perfeito nos temas rock, ora mais punk ora mais dançáveis, que fazem parte do repertório da banda, sendo que em termos técnicos a reprodução dos mesmos foi quase tecnicamente perfeita.
A energia fulgorante da cantora, que trouxe um vestido curto com riscas azuis - bem veraneante a fazer jus ao calor que disse adorar sentir - começou com 'Eyes Open'.
Muito comunicativa, Beth Ditto foi falando com o público agradecendo e elogiando duas bandas: Tv on The Radio e os portugueses X-Wife, que apelidou de «muito boa gente» e «com quem foi uma honra partilhar o palco». Apesar da curta actuação, a artista teve a inda tempo para comentar os cartazes e dizer que a primieira palavra que aprendeu em português foi «bunda».
O divertimento depois e durante a interpretação, bem ao jeito roqueiro, das canções, foi, de facto, entrecruzado com muita simpatia e comunicação com a assistência. Os sussurros que se ouviriam com 'Listen Up', uma das mais reconhecidas pelo público, tiveram também direito a uma versão rock, que os Gossip fizeram de 'Careless Whisper', de George Michael.
'Jealous Girls' e Standing in the Way of Control', já no fecho encarregaram-se de dar mais provas do rock contagiante e dançante dos Gossip, que como disse Ditto, deram de facto o seu melhor.
João Vieira e parceiros contaram com espectadores privilegiados - nada mais que Beth Ditto, vocalista dos Gossip que, junto de Cláudia Efe dos Micro Audio Waves, apreciou numa zona lateral do palco a performance da banda do Porto.
Temas como «Ping Pong» e «Eno» gozaram de reacção expedita por parte da plateia. Um óptimo acontecimento para o que haveria de acontecer de seguida: a estreia dos Gossip em Portugal.







Além do novo disco o quinteto, altamente coeso e coerente, trouxe, também, o álbum homónimo de estreia na bagagem, dois trabalhos pontuados por um perfeito casamento sonoro entre a pop psicadélica, o acid-house, o punk, o rock e até o disco sound.
«Obrigado por terem ficado para nos ver. Gostamos de estar aqui», afirmou Murphy nos instantes iniciais da actuação. O líder do grupo é controladamente descontrolado, tão enérgico quanto intenso, meticuloso e extremamente atento e até preciosista em relação a tudo o que se passa no palco.
'Daft Punk Is Playing At My House', 'Yeah', 'Time To Get Away', 'All My Friends' e 'North American Scum' levaram o público ao rubro, a um estado de completa alienação e sintonia plena com a banda, que provou ser uma das melhores formações ao vivo da actualidade.
Um dos muitos momentos altos do espectáculo, que sempre oscilou entre um concerto rock e uma enorme pista de dança ao ar livre, foi a soberba interpretação de 'Tribulations' que, se em estúdio já é grande, ao vivo é ainda melhor.
Já no encore ouviram-se mais três temas, sendo que, para a despedida, os LCD Soundsystem reservaram o fabuloso 'New York I Love You, But You're Bringing Me Down'.

