Rock e electro inauguraram Paredes de Coura
O último dos grandes festivais de Verão teve início ontem, onde acolheu durante a tarde os primeiros espectadores. Os momentos altos do início do Paredes de Coura registaram-se, contudo, durante a noite, ao longo da festa de recepção no palco After Hours, o único com actuações ontem, por onde passaram Sizo, Devotchka, Simian Mobile Disco e DJ Fra.
Por volta das 22h30m, o rock dos Sizo já emanava do palco After Hours, tendencialmente dedicado à música de dança mas que no dia de inauguração da edição deste ano do festival incluiu outras sonoridades, uma vez que foi o único a acolher actuações. Foi ao som da banda que os recém-chegados festivaleiros iniciaram o primeiro ciclo de concertos do evento, entre conversas, copos e algum frio - a tarde amena é enganadora, pois esconde uma noite gélida e exigente. A atmosfera tranquila verificada ao longo do dia foi da dando lugar a uma energia e dinamismo que antecipam alguns momentos de descarga durante o festival.
O espectáculo dos Devotchka ajudou a reforçar essa ideia, uma vez que o grupo norte-americano chegou, viu e venceu, servindo um rock alternativo de tempero cigano e mariachi que parece ter agradado a grande parte do público que se foi acumulando nas proximidades do palco. Com uma música festiva que cruza várias origens geográficas, a banda ofereceu motivos suficientes para que os aplausos dos espectadores fossem recorrentes, apostando numa sucessão de canções que resultam bem ao vivo e convidam à disseminação de poeira pelo recinto, consequência natural do entusiasmo dos fãs que terão consolidado ou conquistado.
A energia manteve-se logo a seguir com o DJ set de Jas Shaw, metade dos Simian Mobile Disco, que em vez de fechar a noite como previsto actuou pela uma da manhã, debitando duas horas de electro e techno, investindo assim num formato menos pop do que o do disco do seu projecto. Começou com "Sleep Deprivation, o tema que inaugura o álbum de estreia "Attack Decay Sustain Release", canção que faz jus ao nome já que é difícil sentir qualquer resquício de sono ao ouvi-la. O restante alinhamento contemplou essencialmente canções de terceiros, casos de remisturas de nomes como Björk ou DJ Mehdi, ainda que dois singles dos Simian Mobile Disco tenham sido alvo de atenção: "It's the Beat" e "Hustler", vendavais dançáveis que geraram um elevado número de saltos por minuto entre o público.
Próximo dos Soulwax (formato nite versions) e dos Digitalism, o set foi sempre eficaz embora por vezes algo redundante, faltando-lhe o eclectismo que o seu autor revela em disco. DJ Fra deu continuidade aos tons dançáveis a partir das três e meia e continuou a animar os muitos resistentes durante a madrugada, prevendo-se por isso que hoje muitos festivaleiros irão acordar bem tarde.
Recomenda-se, no entanto, que não acordem tão tarde ao ponto de perderem a estreia dos New Young Pony Club em palcos portugueses, ou não fosse o grupo britânico o criador de um dos mais refrescantes discos do ano, "Fantastic Playroom", exemplo de indie pop inteligente e imaginativa. A banda actua no palco principal, o Heineken, às 18h, sendo seguida pelos Sparta (19h), Mando Diao (20h10), M.I.A. (23h) - outra estreia em Portugal a não perder - e Babyshambles (00h30). No palco Ruby - ou jazz na relva - actua Zappa, no Ibero Sounds há Slimmy e The Blows, e para o After Hours ficam os Guns n' Bombs e os Crystal Castles, estes últimos - mais uma estreia num festival cheio delas - capazes de oferecer um espectáculo incendiário, moldado por electrónicas cruas e agressivas.
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