o tributo | adriano aqui e agora
Está a fazer 25 anos. A 16 de Outubro de 1982 a morte voltou a trocar-nos as voltas e a privar-nos de um dos nomes maiores da música portuguesa. Adriano Correia de Oliveira tinha somente 40 anos quando a terra onde cresceu, Avintes, testemunhou o seu último suspiro.
Depois, lentamente, foi-se instalando uma injusta e inexplicável amnésia. Adriano manteve-se vivo e emblemático para a geração que viveu o 25 de Abril, como uma doce memória dos tempos da revolução, mas perdeu o sentido para quem nasceu depois.
O nome Adriano (que, como Sophia, dispensa apelidos e formalidades) deixou, tristemente, de evocar aquele homem grande na envergadura como na generosidade, no idealismo como na voz.
E essa grandeza não poderia continuar a ser recordada apenas em jeito de efeméride, sem corrigir a ausência de uma ponte (de ligação à geração que se seguiu à de Adriano) que alguém se esqueceu de erigir.
Movido pela vontade de acabar com um esquecimento que priva actualmente a música portuguesa da herança de um dos seus mais fundamentais actores, João Serafim (da Movieplay, detentora dos direitos de publicação da obra integral de Adriano) lançou o desafio a Henrique Amaro (radialista da Antena 3): escolher e espicaçar 14 vozes que, na melhor das hipóteses, recordavam estas canções por via de um irmão mais velho ou de um rádio a pilhas deixado ao abandono no sótão da casa dos pais.
A voz de Adriano estava, até agora, abafada. E mais grave que no período salazarista, agora não devido à censura, mas por obra e graça de uma ingratidão manifestada num Alzheimer colectivo. Que é preciso combater.
As canções de Adriano voltam finalmente a viver. Cantadas por outras vozes. De aqui e de agora.
Alinhamento do álbum:
01. Tim “Tejo que levas as águas”
02. Ana Deus & Dead Combo “Trova do vento que passa”
03. Raquel Tavares “Cantar para um pastor”
04. Cindy Kat “E alegre se fez triste”
05. Celina da Piedade “Tu e eu meu amor”
06. Micro Audio Waves “O sol préguntou à lua”
07. Shahryar Mazgani “Balada da esperança”
08. Vicente Palma “Para Rosalía”
09. Miguel Guedes “Sou barco”
10. Margarida Pinto “Charamba”
11. Nuno Prata “Fala do homem nascido”
12. Sebastião Antunes “Canção do linho”
13. Valete “Menina dos olhos tristes”
14. Pedro Laginha “Rosa de sangue”
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